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terça-feira, 10 de setembro de 2013

10 maneiras de inibir o desenvolvimento/autonomia do seu filho

Por: Hemerson Ari Mendes
Médico psiquiatra e psicanalista
(Psicanalista (Sociedade Psicanalítica de Pelotas – Febrapsi - IPA), médico psiquiatra (UFPel), mestre em saúde e comportamento (UCPel). É diretor da Clínica Ser e do Instituto Profícere e durante 18 anos foi professor de Psiquiatria e Psicologia Médica na Faculdade de Medicina UCPel, atualmente licenciado. Sim, também, disgráfico).


Se o elefante soubesse a força que tem, seria o dono do circo, afirma o dito popular. Costumo dizer que filhos são diferentes, eles, em algum momento, descobrem a sua força. Alguns se tornam donos do circo familiar, outros, mais competentes, fundam o seu próprio. Isso é um perigo, devemos inibir estes arroubos de autonomia e independência. Os primeiros sinais deste distúrbio ocorrem quando facilmente eles conseguem dormir na casa dos avós, tias e amiguinhos sem maiores problemas. A reação no primeiro dia de escola é outro indicador importante, quando dão tchau e não olham mais para trás, geralmente é porque atingiram um perigoso grau de autonomia.

Descreverei algumas medidas úteis para inibir o desenvolvimento e a conquista de autonomia dos filhos e assim mantendo-os permanentemente dependentes.

Compare-os, compare-os sempre. Com os irmãos, com os primos, com os vizinhos. Assim inibe-se que eles olhem para os seus interesses e suas habilidades. De preferência apontando habilidades que os outros têm e eles não. Compare seu filho introspectivo e estudioso com o primo desinibido e atlético. A filha gordinha com a amiga magrela.
Quando ele mostrar-se contente com uma conquista, mostre o elemento faltante. Se ele tirou 9,5, pergunte se alguém tirou 10, ou o que faltou para tirar 10, já que ele só faz isso. Se ele se saiu muito bem em português, pergunte sobre a nota de matemática, sempre acentuando a importância da disciplina que ele tirou a menor nota.
Mostre-se extremamente disponível para ajuda-lo, de preferência faça as coisas por ele, se resultado for bom, acentue que isso ocorreu porque você ajudou-o, se não for bem, mostre o quão relapso ele foi, tendo deixado para fazer na última hora.
Fale dos perigos da vida, utilize todos os exemplos trágicos e associe o desfecho a algum tipo de desobediência/desconsideração com os pais.
Inocule culpa, esta é uma arma poderosa. Fale dos sacrifícios para dar o que ele pede, comente que você nunca teve nada disso e sempre foi obediente. Enquanto ele parece não dar importância ao que lhe é orientado. Em caso de urgência, evoque o mandamento bíblico: “respeite o teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na face da terra”. Isso mobiliza temores atávicos.
Na puberdade\adolescência moralize qualquer indício de desinibição sexual, por outro lado, se te parecer que o comportamento está muito inibido cobre desempenho. Aqui a comparação também é fundamental.
A escolha profissional é um momento importante. Se a escolha não recair sobre algo clássico, seja direto: vais morrer de fome. Alguns pais que são médicos ou das carreiras jurídicas tendem a inatamente terem a habilidade de mostrar o quão perigoso é uma escolha que não recaía sobre a segurança das suas áreas. Mostre tudo que eles perderão abrindo mão da influência dos pais.
Tente sempre utilizar a sua influência para viabilizar as conquistas dos filhos. De forma que fique claro, que o emprego ele conquistou por pedido do pai, a nomeação foi por influência do amigo etc. Se no caminho tiver algo de ilícito, melhor, esse fato acompanhará o filho sempre, nada mais inibidor de autonomia.
Se perceberes que o filho esta prestes a conquistar algo que almeja, como, por exemplo, a compra de um bem, se puderes, antecipe-se e dê para ele, se não puder dar tudo, contribua de alguma forma, assim ele não ganha a autoconfiança de achar que pode conquistar as suas coisas.
Sempre o previna sobre tudo que pode não dar certo, é infalível, como sempre algo não dará certo, lembre-o que você avisou. Em qualquer idade, avise que se ele fizer algo que tu não aprovas que ele não conte contigo.
Todas estas orientações podem ser usadas com cônjuges, afilhados políticos, pupilos acadêmicos, funcionários, precisa-se apenas de pequenas adaptações.

Brincadeira à parte, todos os pais, em algum momento podem ter alguma atitude listada, eu já me vi em quase todas, de maneira mais ou menos sútil. É o aspecto repetitivo e constante que acaba por contribuir para inibição e dependência dos filhos. Todos os pais têm seus núcleos de dependência e, assim, podem atuá-los de forma inconsciente. Seja porque eles têm medo da autonomia, seja por rivalidade com os filhos ou porque as suas dependências se manifestam através da necessidade de terem alguém dependente deles.

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